quinta-feira, 12 de outubro de 2017

Dia daquelas que só querem brincar...


Eu brinquei do que eu quis. Adorava um brinquedo! Bonequinhas de papel, panelinhas, jogo da memória, patinete, bichinhos de pelúcia. Eu era uma brincalhona!

Nem conhecia o conceito de reaproveitamento, mas já o praticava, inventando brinquedos com tampinhas de creme dental, de refrigerantes, caixinhas vazias, trecos em geral. Naquela época, a indústria de brinquedos não era muito diversificada, o que nos estimulava a criar alguns.

Ninguém se preocupava se eu estava brincando com brinquedos específicos para meninas ou para meninos, porque essa preocupação é invenção da modernidade. Criança, naquela época, podia brincar do que quisesse. E eu, como tinha muitos primos e primas, brincava com tudo, de tudo.

Bang-bang, comidinha, polícia e ladrão, casinha, pique-bandeira, pular corda, amarelinha... Meus primos eram os pais e nós, as primas, as mães dos nossos bonecos. E a gente inventava muitos enredos para as brincadeiras! Meninos pegavam nas bonecas e ninguém se assustava com isso. Muito menos nós.

Tive muita sorte em ter sido criança na época em que se podia ser apenas criança, com total liberdade para brincar e sonhar. Apesar da tristeza de ter perdido meu pai aos sete anos, a infância continuou regada de fantasia e permissões. 

Contemplo a infância de hoje, que ainda traz a mesma vontade ingênua de outrora: de brincar, experimentar, ser feliz. Criança que brinca com caixa vazia, com toquinho de lápis, com resto de comida no prato... E em suas mãos colocam jogos eletrônicos e outros aparelhos tecnológicos. E em sua cabeça criam necessidades de consumo desenfreado. E as fantasiam de "adultos", gerando pensamentos e necessidades fora de hora! 

O que estão fazendo com nossas crianças???
  
E, como hipócritas, questionam se meninas podem brincar de carrinhos e meninos de bonecas! Quanta hipocrisia! Criança é criança. Brincando, experimenta a vida. Brinca do que quiser. Afinal, meninas, um dia, terão seus carros... E meninos segurarão seus filhos no colo... Tudo faz parte da vida. De ambos. 

As verdadeiras e justificadas preocupações dos pais devem ser outras. Se estão protegidos. Se estão tendo acesso à educação e à saúde. Se tem amigos. Se estão vivenciando uma infância sadia. Se são felizes. Se terão direito a um futuro de qualidade. No mais, é conversa fiada de quem não entende nada de criança e deve ter tido uma infância bem ruim... O que eu lamento muito.

No Dia das Crianças, brinque com seus filhos. Seja parceiro e presente em suas vidas. Participe. Esteja aberto ao diálogo. Isso sim fará muito mais diferença do que o uso de qualquer brinquedo. A boa referência é fundamental na educação de uma criança. Especialmente a dos pais.

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