sexta-feira, 21 de julho de 2017

Eternamente jovem


Aviso aos navegantes, vou morrer jovem, independente da idade que tenha, simplesmente porque recuso-me a envelhecer. O corpo segue seu curso, não tem jeito, mas a cabeça pode ser preservada. 

Esse processo de "não envelhecimento" não é opcional. Simplesmente acontece. E atinge muita gente da minha geração e até de anteriores. O mundo mudou e mudamos com ele. Nossas ideias e sentimentos nos permitem escolhas e possibilidades, anteriormente, impensáveis.

Mulheres acima de cinquenta anos eram senhoras. Vestiam-se como senhoras, comportavam-se como senhoras, pensavam como senhoras... E a gente, ainda crianças e jovens, as viam assim e até as chamavam de "senhoras", as Donas Fulanas... Usar um "você" ao tratar com uma delas era desrespeito. Ninguém tinha essa ousadia! 

Hoje, até as crianças, além de tratarem-me por você, chamam-me pelo primeiro nome. Simples assim. Muito mais íntimo e pessoal. Um tratamento entre iguais, mais próximo. E, certamente, respeitoso também, por que não?

Ao olhar-me no espelho, vejo uma mulher que sente o passar dos anos. Algumas rugas a mais, alguns fios de cabelos brancos... Mas quando sento aqui, frente ao computador, minha mente se aguça e não percebo nada de diferente das outras pessoas de qualquer idade, quando começo a escrever. Talvez reúna um pouco mais de experiência e mais histórias para contar.

Mas, especialmente, em matéria de sentimentos, torno-me então adolescente. Boba que só! Coração apaixonável, inquieto, sedutor. Daquelas que sorri sozinha pensando em quem ama. Daquelas que desenha flor e sol com risinho besta na cara... Daquelas que não sabe o que fazer para se declarar a pessoa amada, sem se sentir ridícula, sem passar do ponto, sem parecer que é o que não poderia ser...

Cabeça boa tem que ter leitura, interação, amigos, família por perto. Tem que ter vida ativa, motivação, trabalho que faça com amor. Tem que ter paixão pela vida! Mas começa sempre por uma autoestima construída e forte.

Portanto, navegantes, hei de permanecer jovem! Até o fim. E lamentarei esse dia, porque pouca gente há de amar a vida, assim, como eu. Certamente, quereria ficar mais um pouco.

Coisa de jovem.

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